segunda-feira, 30 de setembro de 2019

vazio, frio, encharcado por um rio

que passou e levou tudo

chamei-o mas não me ouviu

fico agora, aqui, mudo

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Olhos quentes como o fogo

O quanto os vou lembrar

Olho-os quase que num jogo

De quando me vão fitar


O teu riso de menina

Que gosto de provocar

E a tua mão pequenina

Que sonho poder segurar


Corpo cor de areia

Tocada pela água do mar

Salpicado de pedrinhas escuras

E pormenores pra recordar

 

Poderia continuar

Acredita querida Milita

Em livros pra registar

Que és incrivelmente bonita

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

quem não vê não sente

Perdi o ar e o céu,

sem ter para onde olhar

Não tinha terra nem flores,

ou ramos onde agarrar


Tudo escuro e sem estrelas

Uma noite sem final

Era fria e vazia

Estava branco de cal

 

Longe uma bicicleta

Um pouco acelerada

Estende-me a mão e segreda

Levo-te à madrugada

 

Subo a custo, ao colo

Para esta bi-lugar

Pedalo mesmo muito pouco

Custa-me recomeçar

 

Aos poucos ganho força

Pálpebras a descolar

Levanto o queixo e os ombros

Começo a enxergar

 

Luz ténue agora d'ouro

Sol-sorriso que me aquece

Campos verdes são o caminho

E tudo mais se esquece

domingo, 1 de setembro de 2019

sonhos de uma noite de verão

Fico meio avermelhado

quando tu estás ao meu lado,

não há muito que possa fazer.


Posso dizer que é rosácea,

vais perceber que é falácia,

que é só por te estar a ver.


A tua presença dá-me cor,

sobe-me à cara um rubor,

o melhor tipo de calor. Descansa,

não lhe vou chamar de amor.


Mas não te vou mentir,

este desejo é bem maior.

Gostava de te descobrir,

de te saber de cor.