Querido Pai Natal
Como estás? Eu sei que não te costumo pedir nada, que tudo o que vem é bom, mas este ano arrisquei. Tanto quanto sei, foi em vão. Deixei o sapato no sítio, à lareira durante a noite, tudo como está contratado. Fui ganancioso, admito, o do pé direito é o mais largo. Sonhei à grande, desculpa... Sim, o que te pedi nem sempre quis, talvez tenhas ficado na dúvida e não quiseste arriscar. Eu percebo-te, se foi isso estás perdoado, mas este ano nem precisava de talão para trocar. Se calhar portei-me mal, não ajudei o pai nem a mãe tanto quanto devia. Mas ajudei-me bastante este ano, achei que pudesse contar.
Obrigado pela prenda do ano passado, já agora, era o que queria! Mas neste, o meu presente era presença, o que tempo que temo que não vá chega. Pedi-te o calor que me demoraste a mostrar este ano, que viesse de vez para ficar. Precipitam-se agora os meus olhos, em rios de saudade que não sei onde vão dar. Assim por fim emudeço, depois de acabar a rimar.
JQ